・ Prólogo・

Novarya, outrora conhecida como terra abençoada com uma harmonia natural, onde criaturas das mais diversas raças vagavam livremente e os povos viviam em comunhão com a natureza, virou sinônimo de caos e destruição.

Seu equilíbrio foi progressivamente interrompido através de guerras e disputas de poder. Hordas de malícia e arrogância geriam as divindades responsáveis, que tinham como único objetivo a soberania e fazer valer seus decretos. Todo o continente fora tomado por medo e devastação, onde o simples fato de viver não era direito, mas sim uma conquista pela qual deve-se lutar diariamente para conseguir.

As histórias dos antigos deuses primordiais e a força de seus receptáculos aos poucos foram caindo no esquecimento dos que restavam, os Institutos, conhecidos por fornecer conhecimento das antigas entidades, foram em sua maioria queimados para apagar vestígios. Tudo que reinava era a premissa da escuridão e do desespero

Diante dessas ameaças, terras foram abandonadas, raças foram dizimadas e a esperança assolada. Diversas regiões foram tomadas por bandidos e saqueadores que se aproveitavam da falta das autoridades e do excesso de medo dos que se escondiam para sobreviver. Vastos campos de fauna e flora usados para que as comunidades prosperassem foram substituídos pela utilização de arenas e coliseus de forma mais brutal que desenhavam uma nova ordem, movida a sangue e punição.

Boatos advindos do Oeste eram murmurados através dos ventos para as regiões mais distantes. O nome de Morgred, o necromante, ganhava forças. Seus seguidores andavam livremente pelas terras, disseminando os conhecimentos adquiridos ao longo do tempo sobre a influência e poder dessa entidade. A crença nos antigos deuses estava fragilizada e o retorno do equilíbrio estava longe de ser alcançado.

Os relatos de ataques de criaturas amaldiçoadas aumentavam e as tavernas se tornaram lugares de refúgio para as noites de eclipse, não necessariamente pela segurança das suas estruturas, mas sim pelos aglomerados que se formavam em busca de sobreviver em grupos.

A única cidade que resistira era Solaris, localizada a leste de Novarya. A cidade era regida por um conselho administrativo em conjunto com um exército que se auto intitulava como “Ordem de Aurora”, denominação essa que evoca a ideia de uma nova esperança surgindo no horizonte, representando a luta contra a escuridão que ameaçava consumir o continente. Além disso, “aurora” também pode simbolizar o renascimento e a renovação, características essenciais para uma resistência que busca restaurar o equilíbrio e a paz.

Solaris é uma cidade conhecida pelos seus portos e sua ótima localização para comércio marítimo. Prosperava através da mercantilização de sua matéria prima e importação de tudo aquilo que julgasse importante para sua população. Suas construções eram bem estruturadas e fortalecidas, se tornando um grande forte quando necessário, mas também um grande refúgio para aqueles que quisessem pertencer. Era um farol de prosperidade e cultura para todo o leste de Novarya.

No entanto, após tudo que teve que suportar para continuar apenas existindo, nem todas essas características permaneciam. Seus exércitos estavam enfraquecidos e passaram a lutar com seu máximo e sobreviver com o mínimo. As muralhas de Solaris, outrora impenetráveis, se tornaram mais vulneráveis ao longo do tempo. O conselho estava fragilizado e em busca de formas resolutivas de lidar com o caos instaurado no continente.

Não queriam abrir mão daquelas terras, mas ao mesmo tempo não tinham forças para continuar como estavam. A Ordem de Aurora travou batalhas contra todos os tipos de ataques que sofriam, utilizando táticas de guerrilha e estratégias astutas para enfraquecer quem quer que fosse seu inimigo, no entanto, mesmo com sua valentia, os recursos e o poder de combate da resistência eram limitados.

Preocupados e em busca de uma fagulha de esperança, os líderes de Solaris e da Ordem enviaram mensageiros aos continentes vizinhos, clamando por ajuda na luta contra a escuridão que assolava aquelas terras, contra os bandidos e as forças que se movimentavam em nome de Morgred. Eles sabiam que a sobrevivência de Novarya dependia da solidariedade e da união dos povos além de suas fronteiras.

A resistência da Ordem de Aurora aguardava ansiosamente por uma resposta, sabendo que apenas com o apoio de seus vizinhos poderiam reacender a esperança e reconstruir o que outrora era conhecido como casa. Seus olhos pairavam no horizonte, com o desejo de que embarcações chegassem carregando a chama que precisavam para deixarem de resistir e começarem a viver.